quarta-feira, 28 de maio de 2008

Vamos comer a sua alma!

Com trama diferenciada e visual halloween, Soul Eater é um animê pouco conhecido que merece ser visto.

É noite, e a enorme meia lua amarela com sorriso psicopata já ocupa o céu de Death City. Uma moça caminha pelas ruas desertas, e logo é atacada por uma estranha criatura. Mas escapa da morte certa quando seu agressor é interrompido por uma jovem colegial de marias-chiquinhas e um garoto com ar superior, ambos aparentando uns doze anos de idade. Sem demonstrar qualquer abalo, a menina diz que está ali para capturar a alma de Jack, o Estripador – que é ninguém menos que a criatura. Sendo puxado pela mão por sua companheira, o menino transforma-se em uma foice gigante, e assim é travada uma curta luta que termina com Jack estripado e tendo sua alma devorada pelo “menino-foice”.
Estes são os cinco minutos iniciais do prólogo 1 do animê Soul Eater, adaptação do mangá de Ookubo Atsushi, sendo produzido pelo estúdio BONES (o mesmo de Fullmetal Alchemist) e levado ao ar pela primeira vez no dia 7 de abril deste ano, na TV Tokio. Atualmente, sete episódios já foram exibidos no Japão, e a previsão é de que a série feche em cinqüenta e um.
Apesar da descrição feita no primeiro parágrafo ser um tanto parecida com aqueles filmes de terror americanos, Soul Eater passa longe desse gênero, tendo diversas cenas engraçadas e pegadinhas visuais durante a maior parte do tempo. O garoto se transformando em uma foice parece algo estranho? Não se assuste, pois no universo proposto pela série existem várias duplas (e um trio) formadas por uma pessoa que se transforma em arma e por seu usuário. As equipes têm como objetivo alimentar a arma com 99 almas corrompidas de humanos – que se tornam ovos de kishin, uma espécie de demônio – e uma alma de bruxa. Assim, a arma conquista o direito de se tornar uma Death Scythe, a foice utilizada pelo Shinigami-sama (shinigami significa deus da morte), que comanda a Academia Shibusen, voltada a treinar jovens usuários.
A história gira em torno de três protagonistas e suas respectivas armas, cada qual apresentado em seu prólogo de um episódio. No prólogo 1 conhecemos Maka, uma menina que sonha se tornar uma usuária de foice tão habilidosa quanto sua mãe. Seu parceiro/arma é Soul Eater, garoto que busca transparecer ser “um cara legal”. O prólogo 2 traz o enérgico Black Star, que quer ser o centro das atenções e o maioral em tudo o que faz. Para compensar tamanho “estrelismo” – que mais desperta simpatia do que irrita – sua parceira é Tsubaki, uma jovem bonita e atenciosa. Quando em batalha, Tsubaki transforma-se em uma kusari-gama (arma composta de duas pequenas foices ligadas por uma corrente). Por fim, o terceiro prólogo apresenta Death, the Kid, filho do Shinigami-sama. O rapaz possui uma verdadeira obsessão por simetria e por buscar a perfeição em tudo o que faz. Tal fato o levou a ser usuário não de uma, mas de duas armas: as belas irmãs Liz e Patty Thompson – que para a infelicidade e constante reclamação de Kid, não são idênticas. Tal fato é aliviado por, ao se tornarem pistolas, as irmãs serem perfeitamente iguais.
Apresentados os protagonistas, iniciam-se as buscas pelo direito de se tornar a Death Scythe, com várias lutas bem produzidas e muitas situações engraçadas. Além de Jack, o Estripador, várias personagens já conhecidas do grande público, como Al Capone, a Bruxa de Blair (numa versão "gata mágica, nos dois sentidos") e Dr. Frankenstein (aqui Prof.° Frank Stein) aparecem no decorrer da história. O animê possui ainda uma boa dose de fanservice – muitas, mas MUITAS cenas das garotas em situações constrangedoras, com poucas roupas ou em cenas sensuais.
Quanto ao visual geral, é como um grande e belo halloween. São abóboras, lápides, cruzes e morcegos por todo lado. Para uma base de comparação, é como uma mistura de As Aventuras de Bill e Mandy com algo produzido/dirigido pelo Tim Burton. A animação é de excelente qualidade, principalmente nas cenas em que há luta. Mesmo que a premissa não pareça forte, a diversão é garantida.
Soul Eater é com certeza um animê que, mesmo ainda pouco conhecido, vale a pena conferir.

~Ety, empolgada com a idéia de fazer cosplay da Blair, apesar de saber que não tem "conteúdo" o suficiente pra isso.~


Imagens: BONES


terça-feira, 20 de maio de 2008

Homem de Ferro: a evolução dos filmes de super-heróis


Depois do sucesso de Homem-Aranha e X-Men, dos medianos Hulk e Demolidor e dos sofríveis Elektra e Motoqueiro Fantasma, a Marvel Comics resolveu bancar ela mesma a produção de filmes baseados em seus personagens. A poderosa editora de quadrinhos criou uma divisão para fazer cinema, a Marvel Studios, que começou em grande estilo com Homem de Ferro.

Mas quem é esse herói? Nem de longe tão conhecido fora do círculo das HQs como o Homem Aranha, por exemplo, o Homem de Ferro é um personagem complexo que, quando bem explorado, rende excelentes histórias. Felizmente isso aconteceu no filme, dirigido por Jon Favreau e estrelado por Robert Downey Jr. O astro, aliás, não merece elogios por sua interpretação. Porque não se trata de uma interpretação, mas de algo que vai além disso. Se existe um Tony Stark no mundo real, esse é Downey Jr.

Fora a enorme semelhança física entre os dois, as coincidências entre a história do ator e a do personagem parecem coisa do destino. O talentoso Downey Jr (indicado ao Oscar pela atuação em Chaplin) teve problemas com drogas e álcool que atrapalharam sua carreira. Nos gibis, o brilhante cientista Tony Stark sucumbiu ao alcoolismo e perdeu tudo. Mais tarde ele se reergueu, como fez o ator que agora o encarna.

Mas afinal, quem é Tony Stark, o Homem de Ferro? Bem, ele é muitas coisas. Grande empresário, herdeiro milionário, genial cientista, desenvolvedor de armas para o exército, playboy mulherengo que adora uma birita. E ele ainda acha tempo para ser super-herói? Explica-se: numa viagem ao Afeganistão, onde apresenta um míssil revolucionário ao exército americano, é ferido e seqüestrado por terroristas. O grupo exige que Tony fabrique para eles a arma apresentada.
Tendo como cativeiro uma oficina improvisada e com a ajuda de outro cientista refém, Stark constrói uma armadura rudimentar e escapa dos seqüestradores. De volta ao seu laboratório, decide aprimorar a armadura para combater os vilões que usam as armas fabricadas por ele. Isso porque o irresponsável Tony descobre que deveria ter prestado mais atenção em sua empresa, pois ela está fornecendo armas não apenas para o U. S. Army.



Por essa premissa, percebe-se que o blockbuster não tem apenas ação vazia. A discussão a respeito da indústria armamentista e da política externa dos EUA valoriza o filme, bem como a evolução psicológica do personagem, inicialmente cínico e egoísta, mas que assume suas responsabilidades depois de uma experiência traumatizante. Sim, os super-heróis têm muito conteúdo. Graças aos filmes, o público em geral está descobrindo o que os fãs de HQs já sabem há tempos.

Cumpre ainda destacar a presença dos atores Terrence Howard, Jeff Bridges e Gwyneth Paltrow, todos ótimos em seus papéis. A trilha sonora também é algo fenomenal, vai de ACDC a Black Sabath (a música Iron Man não é sobre o personagem, mas não deixa de ser uma escolha óbvia - e acertada). Para os leitores das HQs, várias referências que os leigos não percebem, como a aparição relâmpago de Stan Lee, tradicional nos filmes da Marvel. Por acaso, o velhinho é o criador do Homem de Ferro (em parceria com Larry Lieber, Jack Kirby e Don Heck) e de praticamente todos os heróis da editora. Mas a cena que mais deixa os fãs alucinados é a que vem após todos os créditos. Só quem conhece o Universo Marvel dos quadrinhos vai entender – e enlouquecer.


Arrecadados mais de 200 milhões de dólares até o momento, a seqüência já está marcada para maio de 2010. Boa sorte para a Marvel Studios nesse novo projeto, e nos outros anunciados: Capitão América, Thor e Vingadores. Este último carrega expectativas enormes, pois se trata do grupo que reúne todos estes heróis. A Marvel pretende apresentá-los em seus filmes solo e então reuni-los no mais ambicioso filme de super-heróis de todos os tempos. Mal podemos esperar.