sexta-feira, 6 de junho de 2008

A guerra civil de 2008




Grandes sagas nos quadrinhos viraram rotina nos últimos anos. Tanto a Marvel quanto a DC investem em mega eventos que reúnem dezenas de personagens e prometem mudar tudo – de novo, de novo e de novo. Enquanto a editora do Superman adora uma Crise (de Identidade, Infinita e, em breve, Final), a Marvel prefere colocar seus heróis em Guerra (Kree-Skrull, Secreta, Civil e por aí vai). Este ano a guerra será um pouco diferente. Em vez de todos contra todos, será todos contra um. Será Hulk Contra o Mundo.

Como todo mundo deve ter percebido, o Hulk não participou da Guerra Civil. Isso porque seus “amigos” heróis o mandaram para o espaço, literalmente. Após o Verdão se descontrolar e destruir a cidade de Las Vegas, ele foi considerado uma ameaça à vida na Terra. Ele então é convencido a destruir um suposto satélite fora de controle na órbita do planeta. Era na verdade uma armadilha, uma nave que o levaria para os confins do Universo. Durante a viagem, ele assiste uma transmissão de vídeo que revela quem o enganou: o grupo conhecido como Illuminati.


Formado por Homem de Ferro, Sr. Fantástico, Charles Xavier, Dr. Estranho, Raio Negro e Namor, esse grupo tem agido secretamente há anos, manipulando e definindo os rumos do mundo super-humano. Namor foi contra o exílio do Hulk, inclusive tentou matar o Homem de Ferro, mas foi contido pelos demais e decidiu se afastar da equipe.

Se outros Illuminati soubessem o que estava por vir, teriam concordado com o atlante. A nave do Hulk acabou caindo num planeta chamado Sakaar, onde o déspota Rei Vermelho governa com mão de ferro. O Golias Esmeralda é obrigado a lutar como gladiador nas arenas, e mostra-se imbatível, logo conquistando grande popularidade. Ele se alia aos outros guerreiros e derruba o tirano, assumindo o trono como o Rei Verde.

O novo governo consegue unificar as diversas tribos de Sakaar, que viviam em guerra constante. O planeta é revitalizado, e o novo rei vive feliz com sua rainha, a guerreira Caiera. Tudo está perfeito, até que a nave dos Illuminati explode com força nuclear e destrói tudo o que o Hulk conseguiu, inclusive a vida de Caiera – e do filho que ela esperava. Só resta uma coisa para o Hulk. A vingança. Ele parte para a Terra com alguns guerreiros sobreviventes, e salve-se quem puder quando ele chegar.

Tudo isso foi mostrado na saga Planeta Hulk, publicada na revista Universo Marvel. Agora a minissérie em 6 partes Hulk Contra o Mundo mostra o acerto de contas do Gigante Verde com seus ex-amigos. A primeira edição já está nas bancas. Como é de hábito, a saga sai aqui no Brasil com um ano de atraso em relação aos EUA. O que é até bom, pois este ano chega aos cinemas o novo filme do Hulk, então as atenções estarão mais voltadas para o personagem. Definitivamente, em 2008, HULK ESMAGA!!!

Jackson Good
Jack não esmaga nada, mas bem que gostaria...

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Vamos comer a sua alma!

Com trama diferenciada e visual halloween, Soul Eater é um animê pouco conhecido que merece ser visto.

É noite, e a enorme meia lua amarela com sorriso psicopata já ocupa o céu de Death City. Uma moça caminha pelas ruas desertas, e logo é atacada por uma estranha criatura. Mas escapa da morte certa quando seu agressor é interrompido por uma jovem colegial de marias-chiquinhas e um garoto com ar superior, ambos aparentando uns doze anos de idade. Sem demonstrar qualquer abalo, a menina diz que está ali para capturar a alma de Jack, o Estripador – que é ninguém menos que a criatura. Sendo puxado pela mão por sua companheira, o menino transforma-se em uma foice gigante, e assim é travada uma curta luta que termina com Jack estripado e tendo sua alma devorada pelo “menino-foice”.
Estes são os cinco minutos iniciais do prólogo 1 do animê Soul Eater, adaptação do mangá de Ookubo Atsushi, sendo produzido pelo estúdio BONES (o mesmo de Fullmetal Alchemist) e levado ao ar pela primeira vez no dia 7 de abril deste ano, na TV Tokio. Atualmente, sete episódios já foram exibidos no Japão, e a previsão é de que a série feche em cinqüenta e um.
Apesar da descrição feita no primeiro parágrafo ser um tanto parecida com aqueles filmes de terror americanos, Soul Eater passa longe desse gênero, tendo diversas cenas engraçadas e pegadinhas visuais durante a maior parte do tempo. O garoto se transformando em uma foice parece algo estranho? Não se assuste, pois no universo proposto pela série existem várias duplas (e um trio) formadas por uma pessoa que se transforma em arma e por seu usuário. As equipes têm como objetivo alimentar a arma com 99 almas corrompidas de humanos – que se tornam ovos de kishin, uma espécie de demônio – e uma alma de bruxa. Assim, a arma conquista o direito de se tornar uma Death Scythe, a foice utilizada pelo Shinigami-sama (shinigami significa deus da morte), que comanda a Academia Shibusen, voltada a treinar jovens usuários.
A história gira em torno de três protagonistas e suas respectivas armas, cada qual apresentado em seu prólogo de um episódio. No prólogo 1 conhecemos Maka, uma menina que sonha se tornar uma usuária de foice tão habilidosa quanto sua mãe. Seu parceiro/arma é Soul Eater, garoto que busca transparecer ser “um cara legal”. O prólogo 2 traz o enérgico Black Star, que quer ser o centro das atenções e o maioral em tudo o que faz. Para compensar tamanho “estrelismo” – que mais desperta simpatia do que irrita – sua parceira é Tsubaki, uma jovem bonita e atenciosa. Quando em batalha, Tsubaki transforma-se em uma kusari-gama (arma composta de duas pequenas foices ligadas por uma corrente). Por fim, o terceiro prólogo apresenta Death, the Kid, filho do Shinigami-sama. O rapaz possui uma verdadeira obsessão por simetria e por buscar a perfeição em tudo o que faz. Tal fato o levou a ser usuário não de uma, mas de duas armas: as belas irmãs Liz e Patty Thompson – que para a infelicidade e constante reclamação de Kid, não são idênticas. Tal fato é aliviado por, ao se tornarem pistolas, as irmãs serem perfeitamente iguais.
Apresentados os protagonistas, iniciam-se as buscas pelo direito de se tornar a Death Scythe, com várias lutas bem produzidas e muitas situações engraçadas. Além de Jack, o Estripador, várias personagens já conhecidas do grande público, como Al Capone, a Bruxa de Blair (numa versão "gata mágica, nos dois sentidos") e Dr. Frankenstein (aqui Prof.° Frank Stein) aparecem no decorrer da história. O animê possui ainda uma boa dose de fanservice – muitas, mas MUITAS cenas das garotas em situações constrangedoras, com poucas roupas ou em cenas sensuais.
Quanto ao visual geral, é como um grande e belo halloween. São abóboras, lápides, cruzes e morcegos por todo lado. Para uma base de comparação, é como uma mistura de As Aventuras de Bill e Mandy com algo produzido/dirigido pelo Tim Burton. A animação é de excelente qualidade, principalmente nas cenas em que há luta. Mesmo que a premissa não pareça forte, a diversão é garantida.
Soul Eater é com certeza um animê que, mesmo ainda pouco conhecido, vale a pena conferir.

~Ety, empolgada com a idéia de fazer cosplay da Blair, apesar de saber que não tem "conteúdo" o suficiente pra isso.~


Imagens: BONES


terça-feira, 20 de maio de 2008

Homem de Ferro: a evolução dos filmes de super-heróis


Depois do sucesso de Homem-Aranha e X-Men, dos medianos Hulk e Demolidor e dos sofríveis Elektra e Motoqueiro Fantasma, a Marvel Comics resolveu bancar ela mesma a produção de filmes baseados em seus personagens. A poderosa editora de quadrinhos criou uma divisão para fazer cinema, a Marvel Studios, que começou em grande estilo com Homem de Ferro.

Mas quem é esse herói? Nem de longe tão conhecido fora do círculo das HQs como o Homem Aranha, por exemplo, o Homem de Ferro é um personagem complexo que, quando bem explorado, rende excelentes histórias. Felizmente isso aconteceu no filme, dirigido por Jon Favreau e estrelado por Robert Downey Jr. O astro, aliás, não merece elogios por sua interpretação. Porque não se trata de uma interpretação, mas de algo que vai além disso. Se existe um Tony Stark no mundo real, esse é Downey Jr.

Fora a enorme semelhança física entre os dois, as coincidências entre a história do ator e a do personagem parecem coisa do destino. O talentoso Downey Jr (indicado ao Oscar pela atuação em Chaplin) teve problemas com drogas e álcool que atrapalharam sua carreira. Nos gibis, o brilhante cientista Tony Stark sucumbiu ao alcoolismo e perdeu tudo. Mais tarde ele se reergueu, como fez o ator que agora o encarna.

Mas afinal, quem é Tony Stark, o Homem de Ferro? Bem, ele é muitas coisas. Grande empresário, herdeiro milionário, genial cientista, desenvolvedor de armas para o exército, playboy mulherengo que adora uma birita. E ele ainda acha tempo para ser super-herói? Explica-se: numa viagem ao Afeganistão, onde apresenta um míssil revolucionário ao exército americano, é ferido e seqüestrado por terroristas. O grupo exige que Tony fabrique para eles a arma apresentada.
Tendo como cativeiro uma oficina improvisada e com a ajuda de outro cientista refém, Stark constrói uma armadura rudimentar e escapa dos seqüestradores. De volta ao seu laboratório, decide aprimorar a armadura para combater os vilões que usam as armas fabricadas por ele. Isso porque o irresponsável Tony descobre que deveria ter prestado mais atenção em sua empresa, pois ela está fornecendo armas não apenas para o U. S. Army.



Por essa premissa, percebe-se que o blockbuster não tem apenas ação vazia. A discussão a respeito da indústria armamentista e da política externa dos EUA valoriza o filme, bem como a evolução psicológica do personagem, inicialmente cínico e egoísta, mas que assume suas responsabilidades depois de uma experiência traumatizante. Sim, os super-heróis têm muito conteúdo. Graças aos filmes, o público em geral está descobrindo o que os fãs de HQs já sabem há tempos.

Cumpre ainda destacar a presença dos atores Terrence Howard, Jeff Bridges e Gwyneth Paltrow, todos ótimos em seus papéis. A trilha sonora também é algo fenomenal, vai de ACDC a Black Sabath (a música Iron Man não é sobre o personagem, mas não deixa de ser uma escolha óbvia - e acertada). Para os leitores das HQs, várias referências que os leigos não percebem, como a aparição relâmpago de Stan Lee, tradicional nos filmes da Marvel. Por acaso, o velhinho é o criador do Homem de Ferro (em parceria com Larry Lieber, Jack Kirby e Don Heck) e de praticamente todos os heróis da editora. Mas a cena que mais deixa os fãs alucinados é a que vem após todos os créditos. Só quem conhece o Universo Marvel dos quadrinhos vai entender – e enlouquecer.


Arrecadados mais de 200 milhões de dólares até o momento, a seqüência já está marcada para maio de 2010. Boa sorte para a Marvel Studios nesse novo projeto, e nos outros anunciados: Capitão América, Thor e Vingadores. Este último carrega expectativas enormes, pois se trata do grupo que reúne todos estes heróis. A Marvel pretende apresentá-los em seus filmes solo e então reuni-los no mais ambicioso filme de super-heróis de todos os tempos. Mal podemos esperar.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Em nome de Deus...


...almas impuras devem ser banidas para a danação eterna. Amém.


A Inglaterra está infestada dos mais temíveis seres da noite. Vampiros fazem suas vítimas em cada esquina, transformando-as em ghouls, escravos mortos-vivos. Trabalhando entre as sombras, a Ordem dos Cavaleiros Reais Protestantes da Hellsing – comandada pela jovem punho de ferro Integra Fairbrook Wingates Van Hellsing – existe exatamente para evitar que o país seja dominado pelas criaturas. Como principal arma, a organização abriga um ser secular cercado de mistérios, o vampiro Alucard, protagonista da história.
Entre os problemas causados pelos conflitos da Hellsing com o grupo Iscariotes da XIII Seção do Vaticano, surgem chupadores de sangue criados artificialmente. Quando a situação parece ter sido contornada, descobre-se que é muito mais complexa do que aparentava. Os vampiros artificiais são apenas o início da movimentação do Millenium, grupo remanescente do nazismo, que pretende continuar o trabalho iniciado há 60 anos pelo puro e simples gosto pela guerra que possui seu líder.
Esta é a premissa de Hellsing, mangá de Kouta Hirano, com capítulos publicados mensalmente na revista japonesa Young King Ours desde 1997. A série conta até o momento com 90 capítulos do mangá – ainda sem previsão de encerramento –, uma série animada para a TV com 13 episódios – cuja história segue uma linha oposta à dos quadrinhos a partir do episódio 3 – e 4 OVAs – lançados diretamente em DVD, seguindo fielmente a história original.
A grande mistura de elementos utilizada por Hirano nesta história é digna de atenção pela ousadia. Temos um vampiro overpower inspirado no livro Drácula, de Bram Stoker – leia a palavra Alucard ao contrário – que mais tarde mostra ser o próprio conde. Conflitos religiosos entre protestantes e católicos, que resolvem reassumir as Cruzadas Cristãs no intuito de aniquilar com a arma mais poderosa da Hellsing. Vampiros sendo utilizados pelos nazistas na frente de batalha. E uma lei da física – o gato de Schrödinger – para enfim conter o poderoso Conde Drácula e seu exército de vítimas feitas através dos séculos. Tudo isso culminando na total devastação de Londres.
Tal fusão de elementos pode parecer confusa e estranha à primeira vista, mas Hirano consegue amarrar a trama de forma excelente, despertando a curiosidade para o que vai acontecer no capítulo seguinte. Uma personagem muito bem utilizada é Seras Victoria, ex-policial salva por Alucard e por ele transformada em vampira, tornando-se sua aprendiz. Seras mostra durante a série os conflitos entre sua porção vampírica – violenta e com sede de sangue – e a humana que ainda existe em seu interior. Mas durante sua maior provação, seu lado monstruoso se sobrepõe, tornando-a poderosa.
Palavreado de baixo calão, a constante violência que enche com sangue as páginas do mangá e as cenas de sexo implícito mostram logo de início que a história não busca agradar a todos.
Hellsing é para amar ou odiar. Mas não para ser ignorado.


Camilla Lunas "Ety"
Imagens: Young King Ours

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

E o vencedor é...



Foram sete meses de lutas, revelações, traições e arrependimentos. Sete meses sacudindo o Universo Marvel e deixando os leitores ansiosos. Sete meses de Guerra Civil. Agora ela chegou ao fim, mas as conseqüências do pós-guerra serão sentidas por muito tempo ainda.

SPOILERS

A batalha final entre as forças pró-registro do Homem de Ferro e os rebeldes liderados pelo Capitão América foi no centro de Nova York. Os heróis anti-registro levavam certa vantagem até que bombeiros, policiais e paramédicos atacam o Capitão para proteger Tony Stark.

O Sentinela da Liberdade então se dá conta da destruição que suas ações provocaram, e chora ao perceber que sua luta está prejudicando as pessoas comuns. Ele ordena que seus comandados parem de lutar, tira a máscara e se entrega. Não como Capitão América, o símbolo do país, mas como Steve Rogers, um homem que cometeu um erro.

Assim, a facção pró-registro sai vencedora, e Tony Stark pode dar continuidade aos seus planos. O mais ambicioso deles é A Iniciativa: um grupo de heróis registrados para cada um dos 50 estados norte-americanos. Além disso, Stark assume a chefia da Shield, agência que monitora a atividade super-humana. Como Homem de Ferro, ele segue a frente dos Poderosos Vingadores.

Os seguidores do Capitão continuam a agir clandestinamente, com o nome de Novos Vingadores. Entre eles está o Homem-Aranha, que passará a usar o uniforme negro em razão de uma tragédia pessoal.

E quanto ao próprio Steve Rogers? O futuro do Capitão América não é dos melhores... em fevereiro chega ás bancas a edição 49 da revista Os Novos Vingadores, com a história que segundo alguns é o “verdadeiro final” da Guerra Civil. Como sempre acontece nos quadrinhos....

Continua.

Jackson Good

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

É mágica! Não temos que explicar isso


A vaca foi mesmo pro brejo. Com vontade. Na última semana de dezembro foi lançada nos EUA a revista Amazing Spider-Man # 545, com a última parte da saga One More Day. O que os fãs temiam aconteceu, e a coisa ficou ainda pior. SPOILERS.

Peter aceitou a proposta de Mefisto: os fatos e as memórias de seu casamento com Mary Jane foram apagados em troca da vida da Tia May. Assim, sua vida volta ao que era há três anos, segundo a cronologia da Marvel. Ele acorda na manhã seguinte, morando com a tia, e vai a uma festa na cobertura de seu amigo Harry Osborn, que voltou de uma clínica de reabilitação na Europa.

O problema é que esses três anos equivalem a vinte no mundo real. Todas as histórias das últimas duas décadas simplesmente NÃO ACONTECERAM. Isso faz com que os fãs se sintam traídos (com razão) e peçam a cabeça dos responsáveis. O escritor J. Michael Straczynski e o editor-chefe Joe Quesada estão sendo massacrados na Internet.

A facilidade com que tudo foi desfeito também irrita. Harry Osborn, por exemplo, havia morrido após assumir o legado do pai como Duende Verde e tentar destruir o Aranha. Agora, nada disso aconteceu. A revelação da identidade secreta do herói, momento marcante da Guerra Civil, também foi desconsiderada. Ninguém mais sabe que Peter Parker é o Homem-Aranha. Como isso se explica?

“É mágica! Não temos que explicar isso”, declarou Straczynski numa entrevista ao site Newsarama. A frase estampa uma linha de camisetas e outros produtos criada pelos fãs como forma de protesto. Brincadeiras à parte, a incoerência e os furos são mesmo gritantes. Enquanto todo o Universo Marvel encara as conseqüências da Guerra Civil, o Homem-Aranha se livra delas num passe de mágica. Como isso será tratado, só esperando pra ver.

Alguns detalhes, no entanto, acendem a esperança dos fãs. Mary Jane conversa ao pé do ouvido com Mefisto no momento do “abracadabra” e depois, na festa, vai embora chateada após seu olhar cruzar com o de Peter. Para os mais otimistas, isso significa que ela é a única que lembra o que aconteceu, e que as coisas podem voltar ao normal. Como? Mágica, oras.

Jackson Good

Jack gostaria que Joe Quesada fosse apagado da existência.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Interferência editorial: o vilão mais terrível das hqs


Os fãs do Homem-Aranha que se preparem: o personagem passará por uma mudança polêmica. Quem acompanhou as notícias que têm circulado nos últimos meses sabe do que se trata: a saga One More Day, atualmente em publicação nos EUA. O texto a seguir contém SPOILERS e pode estragar surpresas.

Na história em 4 partes (das quais 3 já foram publicadas), Peter Parker precisa escolher entre a vida de sua tia May e as memórias de seu casamento com Mary Jane. Isso porque a velha foi baleada e os médicos não conseguem salvá-la.

Então Mefisto, o Senhor do Inferno no Universo Marvel, propõe o pacto. Ele salvaria May, mas Peter esqueceria de Mary Jane. Uma pequena parte do herói, contudo, lembraria que ele perdeu algo. Para Mefisto, a recompensa seria assistir o Aranha sofrer sem saber por que. Isso mesmo. Num mundo onde a ciência é avançadíssima, só um pacto com o diabo pode salvar a vida de uma idosa.

A história sem pé nem cabeça foi a forma encontrada pelo editor-chefe da Marvel Comics, Joe Quesada, para realizar uma vontade antiga: acabar com o casamento do Homem-Aranha. O manda-chuva da editora sempre declarou que o matrimônio “amarrava” o personagem. O herói solteiro ofereceria maior “liberdade criativa”.

Para os leitores, isso não tem o menor fundamento. Boas histórias dependem apenas do talento dos criadores, não do estado-civil dos personagens. A única coisa que não poderia ser feita com ele casado é um Peter Parker mulherengo, o que nunca foi característica dele.

Segundo Quesada, o divórcio seria ainda pior que o casamento. Outro agravante é que Mary Jane é adorada pela maioria dos leitores, sua morte seria muito mal recebida. Deixá-la viva seria então uma espécie de “seguro”: caso a mudança não agrade (o que fatalmente acontecerá), tudo voltaria a ser como antes, literalmente num passe de mágica.

O escritor da saga, J. M. Straczynski, declarou que não concorda com o final, e só não pediu para seu nome ser retirado dos créditos por profissionalismo. Não resta dúvida de que One More Day foi feita sob encomenda de Joe Quesada, que é também o desenhista da hq.

Meses antes da publicação, já circulavam boatos sobre One More Day que agora parecem se concretizar. A menos que na última parte haja uma virada, o que parece improvável. Para os leitores, o consolo é saber que nos quadrinhos nada é eterno, e a palavra Fim nunca significa que acabou.

Jackson Good