terça-feira, 20 de maio de 2008

Homem de Ferro: a evolução dos filmes de super-heróis


Depois do sucesso de Homem-Aranha e X-Men, dos medianos Hulk e Demolidor e dos sofríveis Elektra e Motoqueiro Fantasma, a Marvel Comics resolveu bancar ela mesma a produção de filmes baseados em seus personagens. A poderosa editora de quadrinhos criou uma divisão para fazer cinema, a Marvel Studios, que começou em grande estilo com Homem de Ferro.

Mas quem é esse herói? Nem de longe tão conhecido fora do círculo das HQs como o Homem Aranha, por exemplo, o Homem de Ferro é um personagem complexo que, quando bem explorado, rende excelentes histórias. Felizmente isso aconteceu no filme, dirigido por Jon Favreau e estrelado por Robert Downey Jr. O astro, aliás, não merece elogios por sua interpretação. Porque não se trata de uma interpretação, mas de algo que vai além disso. Se existe um Tony Stark no mundo real, esse é Downey Jr.

Fora a enorme semelhança física entre os dois, as coincidências entre a história do ator e a do personagem parecem coisa do destino. O talentoso Downey Jr (indicado ao Oscar pela atuação em Chaplin) teve problemas com drogas e álcool que atrapalharam sua carreira. Nos gibis, o brilhante cientista Tony Stark sucumbiu ao alcoolismo e perdeu tudo. Mais tarde ele se reergueu, como fez o ator que agora o encarna.

Mas afinal, quem é Tony Stark, o Homem de Ferro? Bem, ele é muitas coisas. Grande empresário, herdeiro milionário, genial cientista, desenvolvedor de armas para o exército, playboy mulherengo que adora uma birita. E ele ainda acha tempo para ser super-herói? Explica-se: numa viagem ao Afeganistão, onde apresenta um míssil revolucionário ao exército americano, é ferido e seqüestrado por terroristas. O grupo exige que Tony fabrique para eles a arma apresentada.
Tendo como cativeiro uma oficina improvisada e com a ajuda de outro cientista refém, Stark constrói uma armadura rudimentar e escapa dos seqüestradores. De volta ao seu laboratório, decide aprimorar a armadura para combater os vilões que usam as armas fabricadas por ele. Isso porque o irresponsável Tony descobre que deveria ter prestado mais atenção em sua empresa, pois ela está fornecendo armas não apenas para o U. S. Army.



Por essa premissa, percebe-se que o blockbuster não tem apenas ação vazia. A discussão a respeito da indústria armamentista e da política externa dos EUA valoriza o filme, bem como a evolução psicológica do personagem, inicialmente cínico e egoísta, mas que assume suas responsabilidades depois de uma experiência traumatizante. Sim, os super-heróis têm muito conteúdo. Graças aos filmes, o público em geral está descobrindo o que os fãs de HQs já sabem há tempos.

Cumpre ainda destacar a presença dos atores Terrence Howard, Jeff Bridges e Gwyneth Paltrow, todos ótimos em seus papéis. A trilha sonora também é algo fenomenal, vai de ACDC a Black Sabath (a música Iron Man não é sobre o personagem, mas não deixa de ser uma escolha óbvia - e acertada). Para os leitores das HQs, várias referências que os leigos não percebem, como a aparição relâmpago de Stan Lee, tradicional nos filmes da Marvel. Por acaso, o velhinho é o criador do Homem de Ferro (em parceria com Larry Lieber, Jack Kirby e Don Heck) e de praticamente todos os heróis da editora. Mas a cena que mais deixa os fãs alucinados é a que vem após todos os créditos. Só quem conhece o Universo Marvel dos quadrinhos vai entender – e enlouquecer.


Arrecadados mais de 200 milhões de dólares até o momento, a seqüência já está marcada para maio de 2010. Boa sorte para a Marvel Studios nesse novo projeto, e nos outros anunciados: Capitão América, Thor e Vingadores. Este último carrega expectativas enormes, pois se trata do grupo que reúne todos estes heróis. A Marvel pretende apresentá-los em seus filmes solo e então reuni-los no mais ambicioso filme de super-heróis de todos os tempos. Mal podemos esperar.